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01/04/2021
Escrito por: Marcos Melo
É um fato incontestável, que o desenvolvimento tecnológico e o progresso socioeconômico, já são definitivamente indissociáveis.
Desde que começamos a experimentar profundas mudanças no âmbito econômico, social e demográfico, trazidas justamente pelo fortalecimento da relação humano-tecnologia, a sociedade, o mercado, seus hábitos e demandas já não são mais os mesmos.
O transporte, antes realizado por animais e barcos a vapor, agora é feito por automóveis e jatos comerciais. A informação, antes limitada a recursos físicos, tornou-se algo global e graças à internet, hoje é acessada nos quatro cantos do planeta.
O mesmo aconteceu e está acontecendo com diversas profissões.
Antigamente, tínhamos datilógrafos responsáveis por redigir textos, atas e cartas em máquinas de escrever sem a necessidade de olhar as teclas. Com o advento dos computadores automatizando grande parte das tarefas, digitar em teclados QWERTY tornou-se uma característica imprescindível a qualquer profissional de qualquer área de atuação.
O mesmo aconteceu com os telefonistas, responsáveis por conectar duas pessoas manualmente via telefone. Hoje, além da substituição da profissão destes por fios, a própria telefonia está em declínio, uma vez que os smartphones e seus aplicativos tornaram-se os principais meios de comunicação.
Recentemente a Amazon lançou uma solução de logística na qual drones seriam responsáveis pelas entregas de pequenos objetos aos seus clientes, substituindo o tradicional entregador ou carteiro. Ao mesmo tempo, a empresa de tecnologia mail.ru declarou que pretende investir em estudos que utilizariam robôs como professores de matemática em escolas.
Datilógrafos, telefonistas, carteiros e até mesmo professores, todos substituídos por tecnologia e agora, por inteligência artificial. Diante dessas mudanças, qual futuro dos empregos e por que isso é importante para o mercado como um todo?
O que pode mudar com a Inteligência Artificial?
De acordo com a organização Council On ForeignRelations, a inteligência artificial representa o desenvolvimento de sistemas de computadores capazes de realizar tarefas que normalmente demandariam inteligência humana, como percepções visuais, tomada de decisões e até traduções entre idiomas.
Como temos observado, a inteligência artificial já atende a objetivos práticos, como redução de custos e otimização de processos e tarefas considerados essencialmente repetitivos. Consequentemente, algumas profissões tendem à supressão e a extinção.
Além disso, com a evolução de pesquisas e investimentos na área, já é possível encontrar botscapazes de realizar tarefas de alta complexidade, consideradas, até então, como trabalho intelectual.
Como a IA está afetando o mercado de trabalho?
Um estudo da revista americana Newsweek constatou nos Estados Unidos, que na década de 70, 14% dos homens e 8% das mulheres tinham curso superior. Já no ano de 2015, 32% dos homens e mulheres tinham um diploma de curso superior.
Consequentemente, com o passar do tempo, aqueles indivíduos que estavam satisfeitos em assumirem cargos menos favorecidos, foram estimulados a se aperfeiçoarem através de formações de nível superior, preparo intelectual e experiência, a fim de garantirem seus espaços no mercado de trabalho, desenvolvendo a sociedade como um todo.
Desse modo, diversas ocupações estão perdendo espaço para a inteligência artificial, que está em rápido desenvolvimento. A empresa de consultoria Ernest & Young listou algumas delas, confira abaixo:
Substituição do trabalho intelectual?
O mesmo está acontecendo com processos mais complexos, com gigantes da tecnologia por trás disso.
Como exemplo, o Watson, supercomputador da IBM, já é capaz de interpretar laudos médicos, elaborar processos jurídicos e realizar atendimento em call-centers, uma vez que ele é capaz de interpretar dados, localizar evidências e gerar hipóteses.
O Google também está desenvolvendo sistemas de inteligência artificial que já conseguem editar fotos e também a criar conteúdo jornalístico para a imprensa.
Outra inovação que vem ganhando força é a condução autônoma. No começo da década, ninguém falava em carros autônomos. Graças ao desenvolvimento de tecnologias que combinam hardware e software, desde excelentes sensores e radares, até complexos algoritmos para o processo decisório, hoje temos gigantes da tecnologia (Google, Apple, Tesla, Uber etc.) brigando entre si para uma delas tornar-se a pioneira. Tudo isso em menos de oito anos.
O que esperar do futuro?
Mas será que, em um futuro próximo, os computadores terão aparato suficiente para serem melhores do que nós? As opiniões são bastante divergentes.
Há aqueles que defendem que a inteligência artificial irá acabar com centenas de profissões, gerando desemprego e colapsos sociais. Mas, em contrapartida, existem aqueles que acreditam que a inteligência artificial irá, sim, extinguir muitos empregos, mas que o mercado naturalmente irá criar centenas de outras ocupações, com maiores graus de complexidade e responsabilidade.
O que podemos afirmar é que estamos vivendo um aprofundamento da Revolução Industrial. A "Revolução Digital", como é conhecida, deve ir além da substituição de pessoas por máquinas, e tem como missão reduzir as barreiras existentes entre o digital e o orgânico – em outras palavras, fazer com que Inteligência Artificial e seres humanos encontrem maneiras complementares de atuação.
Mas se a evolução da IA está estritamente ligada ao futuro dos empregos e como vivemos em sociedade, o que sobrará para nós humanos?
Uma vez que somos nós quem os construímos, fica clara a relação de interdependência.
É necessário estar ciente de como a inteligência artificial irá influenciar diretamente e indiretamente as carreiras para, então, investir em competências capazes de fazerem ambas as partes andarem lado-a-lado em meio a toda a evolução tecnológica.
Como em qualquer revolução, alguns podem sair perdendo, mas com inteligência de mercado e capacidade de adaptação, novos modelos de negócio estão sendo criados e aperfeiçoados.
Cabe, portanto, ao mercado tradicional, adaptar-se e acompanhar a velocidade das mudanças.
Marcos Melo
Advogado especializado em Direito Trabalhista.